Prefeitura de Betim amplia pesquisa sobre circulação de variantes do coronavírus no município

16-06-2021Foto: Leopoldo Silva / Agência Senado

Betim é um dos poucos municípios brasileiros a investir em pesquisa como medida de enfrentamento à pandemia da covid-19. E, neste mês, a prefeitura dará início a mais um passo importante nesse sentido, ao ampliar o público participante da pesquisa que vem sendo realizada desde maio de 2020 sobre a circulação do coronavírus na cidade. Até então, participavam do estudo somente moradores de Betim que são usuários da rede SUS local. Mas uma parceria com o Hospital Unimed Betim permitirá a inclusão de residentes da cidade que são atendidos pela unidade hospitalar.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Ana Valesca Fernandes, a inclusão desses participantes ampliará o rastreamento e o monitoramento das cepas. “Como nosso parceiro é um hospital de grande porte, atende moradores de todas as regiões de Betim. Além disso, serão realizadas swabs em pacientes com sintomas leves, moderados e graves ─ até então, a pesquisa priorizou a participação de pacientes em estado grave. Tudo isso contribui para ampliarmos a leitura sobre o potencial e a direção de disseminação das variantes e, ainda, de sua evolução clínica”, explica.

Pesquisa identificará cepas resistentes às defesas imunológicas

O professor Renan Pedra, referência da UFMG na pesquisa, esclarece que esse estudo científico contribui, também, para a identificação de cepas ainda não codificadas, que possuem a capacidade de escapar do sistema imunológico de pessoas recuperadas da covid-19 ou imunizadas por meio de vacina. “Conter a disseminação de um vírus dificulta sua mutação. A cada mutação, o vírus adquire características diferentes. O que difere a P1 do coronavírus das demais variantes, por exemplo, é a capacidade maior de invadir células do corpo humano. Isso favorece a evolução dos pacientes para formas graves da doença, porque o organismo é atacado por uma carga viral maior, num tempo menor.”

O secretário municipal de Saúde, Augusto Viana, ressalta a importância desse estudo para a vigilância epidemiológica em Betim. “A pesquisa nos mostrou que o potencial de transmissão da cepa P1, que surgiu em Manaus, é muito grande. Ela foi rastreada lá em novembro de 2020 e, em fevereiro deste ano, na cidade do Rio de Janeiro. Em março, as amostras colhidas aqui já continham essa variante. Isso significa que conseguimos identificar sua circulação em tempo real.”

"É de fundamental importância que a população mantenha as medidas de prevenção ao contágio do coronavírus, incluindo as pessoas já vacinadas, pois o ciclo de imunização só se completa 30 dias após a aplicação da segunda dose", enfatiza Viana.

Participantes da pesquisa

Ana Valesca explica que foram coletadas amostras de pessoas com idade entre 20 e 30 anos e entre 40 e 50 anos, de diferentes regiões de Betim, que precisaram ser atendidas em função do agravamento da covid-19. "Os sintomas da doença tiveram início na primeira quinzena de março, coincidindo com o aumento do número de casos e de óbitos em Betim. De modo geral, tiveram tosse, febre e dor de garganta. Alguns também tiveram diarreia”.

A coordenadora afirma ainda que uma análise preliminar do quadro clínico dos pacientes mostra que há manifestação de sintomas diferentes daqueles registrados nos participantes da primeira fase da pesquisa, realizada de maio a dezembro de 2020. “Os participantes da fase atual apresentam, de modo geral, febre, tosse e inflamação de garganta. Entre os da fase anterior, havia muitos sem sintomas e outros com perda de olfato. A análises continuarão sendo feitas, inclusive, sobre o desfecho de cada caso, ou seja, como cada paciente se recuperou e se algum evoluiu para óbito”.

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