Funcionários do Hospital Regional protestam e ameaçam entrar em greve

bo24-04-15 3Com cartazes que traziam frases como “A saúde de Betim pede socorro” e “Se não melhorar, vamos parar”, apitos e gritos de indignação, cerca de 100 funcionários do Hospital Regional de Betim pararam os atendimento, na tarde da última quarta-feira (22), para protestar contra a falta de medicamentos, materiais e higiene, a superlotação, as más condições de trabalho e a escassez de recursos humanos na unidade. Os principais alvos das manifestações foram os políticos locais. O prefeito Carlaile Pedrosa (PSDB) é acusado de ser traidor.

Os servidores, que ameaçam entrar em greve caso a prefeitura não tome uma atitude, também protestaram contra o anúncio de que não haverá reajuste e o corte de benefícios do funcionalismo municipal. Por isso, na próxima terça-feira (28), às 9h, eles se reúnem novamente, desta vez em assembleia na sede do Sind-saúde, para decidir o futuro da categoria.

O técnico de enfermagem Adriano Paulo se vestiu de preto para protestar. Segundo ele, que trabalha no bloco obstétrico, está sendo preciso fazer mágica para atender os paciente. “Faltam coisas essenciais, como seringas, agulhas, medicação básica. Estamos improvisando, mas chega uma hora que não dá para fazer milagre”, afirma. A funcionária Eronan de Oliveira Alves, 39, que trabalha há sete anos no hospital, afirma que os profissionais do setor de farmácia estão sendo orientados a dizer sempre que a medicação está sendo providenciada, o que na verdade não acontece.

O maior problema disso tudo, segundo eles, é o risco que os pacientes correm. De acordo com a enfermeira Andreia Camilo de Souza, 41, na última terça-feira, faltou um tipo de antibiótico importante para combater infecção. “Não dá para substituir todos os medicamentos. Por isso, às vezes, o paciente fica sem, mesmo precisando”, diz. Segundo ela, a prefeitura está devendo empresas terceirizadas, que estão deixando de repassar materiais e remédios. “O estoque está acabando. Não sei como vai ser daqui para frente”, afirma.

Os servidores também denunciam a falta de diálogo com a diretoria. “Eles dizem não ter conhecimento da realidade na unidade, se mostrando sempre pouco acessíveis”, reclama a técnica de enfermagem Kely Faleiro, 35.

Relatório
Durante a manifestação, o vereador Antônio Carlos (PT) recolheu depoimentos e gravou vídeos com as queixas, que farão parte de um relatório que será enviado para diversos órgãos. “Só denunciar não basta. Betim já passou da hora de ter uma intervenção do Ministério da Saúde. Os repasses do governo federal têm vindo de forma normal, sem atrasos, e a situação só piora”, afirma.

A diretora do Sind-Saúde, Berenice de Freitas, diz que o sindicato já denunciou ao Ministério Público e à prefeitura sobre todos esses problemas, sem sucesso. “Por isso, estamos convocando todos para essa audiência para decidirmos sobre a greve”, finaliza.

Resposta
A Secretaria Municipal de Saúde se limitou a dizer que está reorganizando os fluxos internos do hospital e que os medicamentos não estão em falta, sendo repostos conforme a data de entrega pelos fornecedoras.

“Querem desmontar o SUS”, diz vereador

O anúncio de que não haverá reajuste para o funcionalismo neste ano provocou a ira dos servidores. Desvalorizados, muitos deles acabam abandonado o emprego, sendo substituídos por contratados.
Para o vereador Antônio Carlos (PT), o que está acontecendo é uma tentativa de terceirizar o sistema de saúde. “Eles querem expulsar os funcionários, cortando benefícios e salários, para contratar pelo Consórcio de Saúde do Médio Paraopeba (Cismep). Lá não tem controle e, por isso, é grande fonte de corrupção. Querem desmontar o SUS”, denuncia.

Em nota, a prefeitura disse que tem chamado os aprovados no último concurso público para tomarem posse.

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